Em menos de dois meses, pelo menos cinco indígenas foram assassinados na terra indígena de Barra Velha, localizada na zona rural de Porto Seguro. Esses crimes teriam sido cometidos ou ordenados por um suposto traficante que há dois anos estaria se escondendo nas matas e aldeias da região, especialmente as de Barra Velha, Boca da Mata, Pará e Xandó. Quase todos os homicídios foram cometidos da mesma forma: dois indivíduos, em uma moto, chegaram atirando nas vítimas.
De acordo com moradores da comunidade, um homem chamado Rodrigo seria o responsável pela onda de violência que vem crescendo a cada dia e aterrorizando as famílias da região. Há cerca de 10 anos, ele teria matado a namorada a tiros, em Coroa Vermelha e, desde então, está foragido. Segundo informações, ele seria descendente de índios e teria parentes na aldeia Barra Velha.
LISTA DE JURADOS DE MORTE
Testemunhas dizem que, antes da onda de assassinatos, circulou pela comunidade uma lista com vários nomes de indígenas que estariam jurados de morte por Rodrigo e sua quadrilha. Muitos desses moradores que estavam ameaçados deixaram a aldeia. Outro foi espancado e só não morreu porque a arma dos criminosos falhou. Os que permaneceram, estão sendo assassinados um a um.
Neste mês, em menos de uma semana, foram três mortes. A mais recente, ocorrida segunda-feira (21), no distrito de Itaporanga, foi do mecânico Ricardo Brito da Conceição, conhecido como Índio, assassinado a tiros poucos dias após jurar vingança pela morte do tio, Crislando Brito Bandeira, baleado por homens que estavam a bordo de uma motocicleta.
Dois dias depois da morte de Crislando, o jovem indígena Bruno, de 21 anos, foi morto a tiros na aldeia Barra Velha.
INTIMIDAÇÃO E VIOLÊNCIA
A quadrilha age com extrema violência, dizem os moradores. Além dos constantes toques de recolher, os criminosos ficam dando tiros para o alto, dia e noite, para intimidar a população. “Eles cercam de moto as casas das lideranças indígenas para intimidar e para que ninguém denuncie”, conta uma testemunha.
Também consomem drogas livremente no meio da rua e aliciam os menores da comunidade, conforme denúncia de quem vive no local.
Além de atemorizar os residentes na região, a onda de criminalidade tem afastado os turistas que costumam visitar as aldeias indígenas. “Não tem nem como receber os turistas. Às 5h da tarde já está tudo fechado, todo mundo com medo”, contam os moradores.
Eles criticam a falta de atitude da Funai, “que deveria proteger os índios”, e da Polícia Federal. “Parece que a vida dos indígenas não importa”, lamentam, acrescentando que também não veem ação efetiva da polícia. “É preciso tomar providências para garantir a segurança e tranquilidade da população que vive nas aldeias”, alegam os moradores.
No entanto, segundo os moradores, nos últimos dias, após o assassinato do jovem Bruno, a Polícia Militar passou a fazer rondas pela região e, em uma das vezes, chegou a perseguir os suspeitos, que fugiram pelas aldeias.
POLÍCIA ESTÁ INVESTIGANDO
As polícias de Porto Seguro, tanto a Civil quando a Militar, estão a par do problema e agindo, garante o coordenador da 23ª Coorpin, delegado Moisés Damasceno. “A Polícia Militar já tem realizado várias incursões no local e aumentou bastante o policiamento ostensivo, enquanto a Polícia Civil está instruindo os inquéritos policiais com provas de autoria dos crimes para lastrear pedidos judiciais”, explica.
“Estamos investigando todos os fatos e serão adotadas todas as providências”, afirma. “Com esses elementos que vêm sendo colhidos, vamos representar por medidas cautelares capazes de afastar esses indivíduos daquela comunidade”, acrescenta o delegado.
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