Os professores da rede municipal de ensino de Eunápolis entraram em greve nesta terça-feira (19), após rejeitarem o reajuste de 14,42% oferecido pelo município. De acordo com o secretário de Educação de Eunápolis, Gabriel Saulo, se for concedido o reajuste pleiteado pelos professores, o município ficará sem condição orçamentária de fazer manutenção e outros investimentos na educação, porque a folha de pessoal absorverá a receita por completo dessa pasta.
Gabriel explicou que 70% do Fundeb, repassado pelo governo federal, devem ser aplicados em folha de pessoal. Os outros 30% podem ser aplicados na folha ou em outros investimentos na educação. “A visão não é pegar 100% dos recursos do Fundeb e aplicar todo em folha. A visão é ter um cuidado com a folha, cumprir com as obrigações com os profissionais da educação, mas também ter condição de investimento na educação, seja ele na área de infraestrutura ou na pedagógica”, observou.
Segundo ele, o município fez todas as análises, de forma responsável, para chegar até o limite onde teria condições de cumprir com esse reajuste. “Diante desse contexto, chegou-se a um percentual e ao valor de R$ 4.201,00, dentro da possibilidade que o município tinha de cumprir”, afirmou. “O intuito da prefeita é fazer o melhor e cuidar dos professores dentro das possibilidades orçamentárias do município”, acrescentou.
De acordo com o secretário, o município manteve o tempo todo diálogo com o sindicato da categoria, com o objetivo de mostrar até onde a gestão poderia chegar no reajuste. “Acho que o professor tem que ter um salário bom, e hoje o professor de Eunápolis tem um dos maiores salários da região, quando colocados os outros ganhos no contracheque”, comentou.
DEMAIS REIVINDICAÇÕES – Apesar de o valor do piso nacional ser uma das principais reivindicações dos professores de Eunápolis, a pauta inclui também merenda escolar de qualidade, transporte dos estudantes e reforma das escolas, entre outros.
Ao justificar a demora na reforma em manutenção das escolas, o secretário de Educação lembrou a dificuldade que a atual gestão teve no processo de transição do governo. “Somente em novembro, quando foi assinado o contrato, é que a prefeitura começou a fazer a manutenção nos prédios escolares que estavam abandonados”, salientou.
Com relação à alimentação escolar, Gabriel citou as ações feitas pela gestão, como a entrega de kits de alimentação escolar, a mudança na estrutura física onde é armazenada a merenda, organização do processo de entrega e distribuição, investimento na agricultura familiar e entrega de 15 fogões nas escolas onde havia falta desse equipamento.
No transporte escolar, que, segundo ele, já teve a licitação concluída, a maior preocupação da prefeitura é oferecer aos estudantes um serviço com segurança e qualidade.
Quanto à estrutura pedagógica, o secretário destacou que é preciso enxergar o professor como o principal profissional dentro do processo educacional para formar e auxiliar o aluno nesse processo de aprendizagem. “O salário é importante, mas ter uma escola com estrutura física que possa atender melhor o professor e o alunado é fundamental, assim como trazer material de suporte pedagógico para esse professor ter condição de trabalhar com o aluno na escola. Por isso aplicamos recursos nessa área também”, observou.
RETORNO RÁPIDO ÀS AULAS – Gabriel fez um apelo para que os professores retomem as aulas o mais breve possível. “Exatamente quando retornam 100% as aulas presenciais, deflagra uma greve onde o aluno é o mais prejudicado”, lamentou. “Isso nos deixa tristes e preocupados, porque tem uma geração que sofre as consequências da pandemia e irá sofrer ao longo de mais alguns anos em função dessa ausência da educação.”
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